Pastor alerta sobre excesso de tempo online da Geração Z: ‘Não falam mais com as pessoas’
Em 2024, adultos de 18 a 24 anos passaram, em média, seis horas por dia online, segundo um estudo da empresa de pesquisa Ofcom, com sede no Reino Unido &...
Em 2024, adultos de 18 a 24 anos passaram, em média, seis horas por dia online, segundo um estudo da empresa de pesquisa Ofcom, com sede no Reino Unido – um aumento acentuado em comparação com as quatro horas e 36 minutos do ano passado.
As mulheres da Geração Z lideraram o tempo online, com uma média de seis horas e 36 minutos diárias, enquanto os homens jovens registraram cinco horas e 28 minutos.
Não é apenas a Geração Z. Em média, todos os adultos passam quatro horas e 20 minutos online, sendo que as mulheres gastam 33 minutos a mais do que os homens em todas as faixas etárias, segundo a pesquisa da Ofcom.
No entanto, as mulheres também são mais propensas a receber solicitações de amizade indesejadas e comentários misóginos nas mídias sociais.
"Em todas as faixas etárias adultas, as mulheres estão gastando mais tempo online – em smartphones, tablets e computadores – do que os homens, registrando 33 minutos a mais a cada dia", disse o relatório da Ofcom.
No entanto, embora as mulheres passem, em média, mais tempo online do que os homens, elas também são mais propensas a enfrentar solicitações de amizade indesejadas nas mídias sociais ou a receber comentários misóginos.
Solidão
O aumento do tempo de tela está associado a outra tendência preocupante: a solidão. Estudos têm mostrado consistentemente que a Geração Z é a geração mais solitária, com 60% relatando sentimentos frequentes de isolamento e um em cada cinco jovens não tendo nenhum ou apenas um amigo próximo.
Levi Lusko, pastor da Fresh Life Church em Montana, conhece bem esse problema. Em seu livro Marvel at the Moon, Lusko explora como o problema da Geração Z com a solidão é exacerbado pelo uso prolífico da tecnologia.
"A solidão e a ansiedade não são apenas um problema atual", disse Lusko à Relevant.
"Temos que sempre nos lembrar de nos basear na história real. É um problema humano. Sempre foi uma coisa, mas é em nosso país, em nossa cultura, algo com o qual temos o privilégio de lidar cada vez mais porque somos capazes de ser cúmplices de nosso próprio sofrimento. A tecnologia e a era moderna nos permitiram construir vidas em que não falamos mais com as pessoas."
Legislação australiana
A questão tem sido tão preocupante que, recentemente, o Senado da Austrália aprovou uma lei inédita no mundo que proíbe o uso de redes sociais por menores de 16 anos, adolescentes da Geração Z.
A medida visa proteger a saúde mental dos jovens e prevenir a exposição a conteúdos nocivos. A nova legislação exige que plataformas bloqueiem acesso de crianças e adolescentes.
Plataformas como como TikTok, Instagram, Facebook, Snapchat, Reddit e X terão um ano para implementar verificações de idade eficazes, sob pena de multas de até 50 milhões de dólares australianos (aproximadamente R$ 194 milhões) por falhas sistêmicas em impedir o acesso de menores
‘Projeto necessário’
A senadora da oposição Maria Kovacic disse que o projeto de lei não é radical, mas sim, necessário.
"O foco central desta legislação é simples: exige que as empresas de mídia social tomem medidas razoáveis para identificar e remover usuários menores de idade de suas plataformas", afirmou.
"Esta é uma responsabilidade que essas empresas deveriam há muito ter cumprido, mas por muito tempo elas se esquivaram dessas responsabilidades em favor do lucro", criticou.
A ativista pela segurança online Sonya Ryan, cuja filha de 15 anos, Carly, foi assassinada por um pedófilo de 50 anos que se fez passar por um adolescente na internet, classificou a votação do Senado como um "momento crucial na proteção de nossas crianças contra danos terríveis online".
Saúde mental
Especialistas alertam para os impactos do uso excessivo das redes sociais no desenvolvimento de crianças e adolescentes, destacando problemas de saúde mental e aprendizagem.
Uma matéria do Estadão destaca um estudo sobre o termo "cérebro apodrecido", que descreve os efeitos do consumo excessivo de conteúdo de baixa qualidade na internet. O termo em inglês, "brain rot", foi eleito a palavra do ano de 2024 pela Universidade de Oxford, em uma votação com mais de 37 mil participantes.
Embora não seja uma condição clinicamente reconhecida, o "brain rot" reflete preocupações sobre os efeitos negativos do uso excessivo de redes sociais na saúde mental. Estudos apontam que o tempo excessivo online pode levar a sintomas como ansiedade, depressão e estresse.
A expressão ganhou popularidade entre os mais jovens, que relatam uma sensação negativa ao passar horas rolando o feed, onde ocorre o fluxo contínuo de atualizações.
Embora não seja uma condição médica formal, os sintomas associados ao "brain rot" estão sendo estudados.